2025-06-03
IDOPRESS
Candidatos à presidência do PT reunidos com integrantes da atual Executiva da legenda — Foto: Roberto Stuckert Filho
GERADO EM: 02/06/2025 - 22:47
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Enquanto o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta sucessivas crises como a do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e dos descontos indevidos do INSS,o debate dos candidatos à presidência do PT foi marcado nesta segunda-feira pela defesa dos regimes autoritários de Cuba e Venezuela e pela tentativa de três dos quatro postulantes em radicalizar "à esquerda".
Com a popularidade em baixa,a gestão de Lula foi alvo de críticas em longa discussão teórica sobre a luta de classes. Longe do cotidiano do Palácio do Planalto,o debate envolveu até mesmo opiniões sobre como garantir o "futuro do socialismo".
Com o favorito Edinho Silva no alvo,os demais postulantes recorreram aos jargões clássicos,como a luta "anti-imperialista" e "anti-capitalista" para tentar mobilizar a base petista.
Participaram da ofensiva os adversários Romênio Pereira,Rui Falcão e Valter Pomar. Falcão afirmou que o PT precisa de um presidente que não tergiverse e tenha posições nítidas sobre esses temas,"sob risco de perder a identidade".
— Para ser anticapitalista e anti-imperialista nós precisamos reforçar a nossa solidariedade a Cuba,a Venezuela,a todos os povos que lutam contra a opressão e a exploração.
Um dos discursos mais enfáticos em favor do socialismo foi feito pelo historiador Valter Pomar ao defender que o PT não pode fugir desse debate. Pomar criticou Edinho por não trazer esse tema como um ponto central da sua campanha.
— Precisa discutir o socialismo. Sem socialismo não se derrota o imperialismo. Sem socialismo a gente não derrota a ditatura do capital financeiro. Sem socialismo a gente não supera a condição de subpotência primária exportadora. Não tem como fugir do debate do socialismo ou querer substituí-lo. Me espanta a coerência do companheiro Edinho que não trata do assunto com a relevância que ele tem.
Valter Pomar também comparou o governo Lula 3 ao segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff. O candidato argumentou que a articulação política do governo "não está dando conta" e nem construindo condições políticas para a vitória do petista em 2026. Segundo ele,o governo de Lula cede às políticas do "inimigo".
— A política que está sendo adotada está construindo,na melhor das possiblidades,espaço para a gente ter uma mandato parecido com o que foi o segundo mandato da companheira Dilma,mandato que será alvo de todo tipo de instabilidade.
Já Edinho se colocou de forma contrária aos demais sobre a relevância do socialismo no debate da sucessão do PT e defendeu uma transição geracional na legenda que incentive a juventude a ocupar espaços no partido.
Edinho também pontuou a necessidade de fazer a disputa política pelas "mães das periferias":
— Efetivamente eu não trato o socialismo como se fosse uma tomada de assalto de poder de dentro de um gabinete. Para mim a construção da correlação de força se dá na base. É disputar a consciência da classe trabalhadora. Isso não se faz discursando ou bravateando. A consciência da classe trabalhadora se faz na base e nós efetivamente organizando os trabalhadores e enfrentando seus desafios.
O candidato também fez críticas à postura tímida do PT no debate da segurança pública e afirmou que a legenda precisa ter protagonismo ao tratar do tema sob pena de ignorar "ignorando o processo de exclusão social" gerado pela violência urbana.