2025-04-22
HaiPress
Papa Francisco fala com Monsenhor Leonardo Ulrich Steiner (esq.) depois de elevá-lo a cardeal,em 2022,na Basílica de São Pedro,no Vaticano — Foto: Alberto PIZZOLI / AFP
Em Roma,faça como os romanos,diz o provérbio. Mas o Papa Francisco tinha outros planos para o Vaticano. Nos últimos 12 anos,o Sumo Pontífice argentino nomeou 80% dos 135 cardeais aptos a votarem no conclave que agora elegerá o novo chefe da Igreja Católica. Esse movimento,embora não garanta,aumenta a possibilidade de que a próxima liderança papal irá compartilhar da visão de uma Igreja mais progressista e inclusiva.
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Comprometido com uma Igreja descentralizada e de base,Jorge Bergoglio procurou promover o clero dos países em desenvolvimento para os postos mais altos da instituição. Desde sua eleição em 2013,o Pontífice realizou dez consistórios ordinários,nos quais destacou dioceses remotas no que chamava de "periferias",mesmo em lugares onde os católicos são minoria,rompendo com o costume de destacar sistematicamente arcebispos de grandes dioceses,como Milão ou Paris.
Em dezembro,foram elevados 21 prelados dos cinco continentes à categoria de cardeais,incluindo o arcebispo de Porto Alegre e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),Dom Jaime Spengler. Também da América Latina,foram nomeados o peruano Carlos Gustavo Castillo Mattasoglio,arcebispo de Lima desde 2019; o franciscano equatoriano Luis Gerardo Cabrera Herrera,arcebispo de Guayaquil; o chileno Fernando Natalio Chomalí Garib,arcebispo de Santiago; e o argentino Vicente Bokalic Iglic,arcebispo de Santiago del Estero,cidade no interior do país,que fica a mais de mil quilômetros da capital Buenos Aires.
Ainda foram nomeados por Francisco pela primeira vez um cardeal do Irã,o arcebispo Dominique Mathieu de Teerã-Ispahan,um missionário belga; e um cardeal da Sérvia,o arcebispo Ladislav Nemet,de Belgrado.
Como funciona um conclave? Veja em passo a passo como será a sucessão
Foi a última cartada de Francisco para consolidar seu legado reformista,moldando à sua imagem o colégio de cardeais que terá de nomear seu sucessor.
— Ao fixar seu olhar em vocês,que vêm de diferentes origens e culturas e representam a catolicidade da Igreja,o Senhor os chama para serem testemunhas da fraternidade,artesãos da comunhão e construtores da unidade — pregou o Papa em sua homilia no consistório de dezembro.
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Papa Francisco segura uma bandeira da Argentina do lado de fora da Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro em 25 de julho de 2013 — Foto: AFP PHOTO / Stefano Rellandini
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O Papa Francisco em visita ao Rio,em 2013 — Foto: Bruno Gonzalez / Agência O Globo
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O Papa Francisco durante missa na Catedral de São Sebastião,no Rio de Janeiro em 27 de julho de 2013 — Foto: LUCA ZENNARO / AFP
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O papa Francisco e a Via Sacra na praia de Copacabana. — Foto: Ivo Gonzalez / Agencia O Globo
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O papa Francisco e a Via Sacra na praia de Copacabana. — Foto: Ivo Gonzalez / Agencia O Globo
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Papa Francisco é cercado por crianças durante visita à favela Varginha,no Rio de Janeiro — Foto: YASUYOSHI CHIBA / AFP
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Pessoas saúdam o Papa Francisco,ao centro,enquanto ele visita a favela de Varginha,no Rio,em 25 de julho de 2013 — Foto: Victor R. Caivano / AP
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Papa Francisco acena para fiéis durante sua visita ao Rio,em 2013 — Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo
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O Papa Francisco e a então presidente Dilma Rousseff durante a cerimônia no Palácio Guanabara,em 22 de julho de 2013 — Foto: AFP FOTO / VANDERLEI ALMEIDA
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Papa Francisco recebe uma camisa do Flamengo do ex-jogador Zico,em 25 de julho de 2013 — Foto: Luca Zennaro / AP
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O Papa Francisco durante missa na praia de Copacabana. — Foto: Ivo Gonzalez / Agencia O Globo
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Papa Francisco usa uma guirlanda de pescoço dada a ele durante sua visita à favela da Varginha,no Rio de Janeiro,em 25 de julho de 2013 — Foto: LUCA ZENNARO / AFP
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Papa Francisco e o então presidente do STF,Ricardo Lewandowski — Foto: L'osservatore Romano
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O Papa Francisco acena ao embarcar depois de uma viagem de uma semana ao Brasil,em 28 de julho de 2013 — Foto: EVARISTO SA / AFP
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O novo Colégio de Cardeais “apresenta uma rica diversidade geográfica e sociológica”,o que é um sinal “positivo”,mas “com a condição de que a colegialidade seja fortalecida”,disse Dom Jean Paul Vesco,62 anos,arcebispo de Argel e um dos promovidos,em uma entrevista à AFP na ocasião.
O Papa argentino,que frequentemente criticava o “mundanismo espiritual” e procurava livrar os escalões superiores da Igreja do culto às aparências,também advertiu os cardeais sobre o perigo de se deixarem “deslumbrar pela atração do prestígio e pela sedução do poder”.
Os cardeais são escolhidos exclusivamente pelo chefe da Igreja Católica,que os seleciona de acordo com seus próprios critérios e prioridades. Eles são encarregados de auxiliar o Papa no governo central da Igreja. Alguns residem em Roma e servem na Cúria (o “governo” do Vaticano),mas a maioria ministra em suas dioceses de origem.
A nomeação de cardeais é observada de perto por estudiosos religiosos,que a veem como uma indicação da possível formação do futuro líder espiritual da Igreja Católica e de seus cerca de 1,4 bilhão de fiéis. Entretanto,a escolha de um Papa é sempre imprevisível,e alguns cardeais nomeados por Francisco não necessariamente compartilham suas ideias,ou até mesmo se opõem abertamente a elas. Outros acreditam que a grande diversidade dos cardeais,que pouco se conhecem e raramente se veem,poderia levar o próximo conclave a buscar um compromisso com uma figura forte e equilibrada que inspire confiança coletiva.
Embora a Europa ainda tenha a maior parcela de cardeais eleitores,com quase 40%,esse número caiu em relação aos 52% de 2013,quando Francisco se tornou o primeiro Papa latino-americano. A Ásia foi o continente que mais cresceu nesse período. Segundo a lei da Igreja,são elegíveis para participar do conclave secreto que escolherá o próximo Papa os cardeais que têm menos de 80 anos.