2025-03-12
IDOPRESS
Acidente com moto em São Cristóvão,Zona Norte do Rio — Foto: Divulgação/Arquivo pessoal/11-02-2025
É preocupante a escalada de acidentes de trânsito na cidade do Rio — de 2023 para 2024,eles saltaram 18%,para mais de 27 mil,de acordo com estatísticas obtidas pelo GLOBO por meio da Lei de Acesso à Informação. Mais preocupante ainda foi o salto nos acidentes com motocicletas: 24%,para quase 21 mil. De cada quatro ocorrências atendidas pelo Corpo de Bombeiros na capital fluminense,mais de três (77%) envolveram motociclistas. A cada 25 minutos ocorre na cidade uma colisão ou queda de motociclista que demanda atendimento médico.
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O número expressivo chama a atenção porque as motos representam apenas 16% da frota que circula no município. A rotina de acidentes tem impacto nos hospitais da rede pública. Em 2024,a secretaria municipal de Saúde do Rio prestou 19 mil atendimentos a vítimas de acidentes com motos,aumento de 32% em relação ao ano anterior. Quando não provocam morte,as ocorrências costumam causar lesões graves,que demandam cuidados intensivos e tempo de internação,ou então deixar sequelas que exigem longos tratamentos de reabilitação.
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Ferimentos e mortes são resultado de características intrínsecas às motos (como maior exposição),mas também do modo imprudente como motociclistas trafegam no trânsito caótico. De 2,75 milhões de multas aplicadas no ano passado na cidade do Rio,424 mil foram para motociclistas,de acordo com o Detran-RJ. A mais comum: trafegar em velocidade acima da permitida. A situação tende a se agravar,pois as motos em circulação têm aumentado,como resultado dos serviços de entrega e dos mototáxis. Em 2024 havia 550.400 na cidade,70% mais que dez anos atrás — ante aumento de 21% na frota total de veículos no período.
Na tentativa de reduzir acidentes,em agosto passado a Prefeitura do Rio implantou uma faixa azul preferencial para motos na Autoestrada Lagoa-Barra,seguindo modelo bem-sucedido adotado em São Paulo. Posteriormente,criou também uma motofaixa na Avenida Rei Pelé,no Maracanã. Embora bem-vindas,são medidas ainda experimentais,insuficientes para ter impacto significativo.
A Prefeitura,responsável pelo planejamento e pela fiscalização do trânsito,precisa se debruçar sobre o problema. Compreende-se que a moto representa um transporte rápido e econômico para alguns e importante fonte de renda para tantos outros. Mas é preciso agir. São vidas perdidas,jovens incapacitados,hospitais sobrecarregados. É fundamental mapear as vias e áreas onde acontece maior número de acidentes,pesquisar as principais causas,ouvir empresas de entrega e mototáxi,avaliar se as velocidades estão adequadas e,claro,fiscalizar se as regras de trânsito são cumpridas.
Nas últimas décadas,governos conseguiram reduzir a violência no trânsito das metrópoles por meio de fiscalização eletrônica e videomonitoramento. Tais medidas não parecem ser suficientes para conter os acidentes de moto. É preciso buscar outras soluções. Não dá para ficar inerte diante da calamidade.