Personal trainers fora do ‘padrão’: conheça histórias de quem enfrenta preconceito e gordofobia

2025-02-24 IDOPRESS

Natália 'rema contra a maré': corpo saudável,mas fora do que alunos esperam — Foto: Leo Martins

RESUMO

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GERADO EM: 23/02/2025 - 21:14

Preconceito contra personal trainers no Brasil

Personal trainers enfrentam preconceito e gordofobia ao não se encaixarem no padrão estético. Aumento da prática de exercícios no Brasil evidencia desafios. Profissionais como Natália Mota e Bianca Martins enfrentam críticas,mas destacam importância da saúde e bem-estar acima de padrões visuais. Profissionais defendem foco na saúde mental e física,não apenas na estética.

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Educadora física com ampla experiência e 20 anos de profissão,a carioca Natália Mota,de 40,sempre foi reconhecida pela excelência no trabalho em academias do Rio. No entanto,um problema recorrente surgia,cedo ou tarde. “Era preterida pelos alunos ao fechar aulas como personal trainer. Eles gostavam de mim,mas preferiam escolher um que tinha o corpo ‘ideal’ ou a professora que era ‘linda’”,relembra. Com 1,66m e 94 quilos,seu corpo é visto com desconfiança,e parece não ser o melhor cartão de visitas para quem,aos olhares alheios,deveria se encaixar no padrão mais do que os outros. “Entendo que é uma vitrine para quem tem a estética como principal objetivo. Estou remando contra a maré,mas aprendi a lidar”,diz Natália.

Ao longo da jornada e de uma relação conflituosa com a comida,Natália sempre ‘respirou’ atividade física. Mas precisa provar competência muito mais do que os colegas. “Sou boa no que faço e a saúde está em dia. Mas,como meu corpo não é o que as pessoas esperam,acham que não.” A situação expõe a gordofobia enfrentada por profissionais de educação física,intensificada em um momento em que mais brasileiros têm praticado exercícios. Segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde,a frequência entre adultos que fazem alguma atividade física por pelo menos 150 minutos na semana cresceu de 30,3%,em 2009,a 36,7% em 2021.

'Era preterida pelos alunos ao fechar aulas como personal trainer',diz a professora Natália — Foto: Leo Martins

Debates acalorados sobre bem-estar,saúde e,claro,a volta da magreza nas redes sociais,também contribuem para que o corpo magro seja imediatamente associado à saúde. Embora o combo atividades físicas e dieta colabore para a conquista do “shape dos sonhos”,nem sempre só isso basta. “A obesidade é uma doença crônica e,dentre os principais fatores,estão características genéticas hereditárias”,explica o cirurgião do aparelho digestivo José Afonso Sallet. “Se você está numa fase inicial de sobrepeso e mantém uma alimentação saudável e exercícios regulares,a tendência é ter um equilíbrio entre massa magra,musculatura e gordura,que se reflete no corpo. Mas,para quem tem graus maiores ou obesidade extrema,é mais difícil conquistá-lo ou mantê-lo”,explica o médico.

A personal trainer Bianca Martins — Foto: Arquivo pessoal

Ao viralizar com um vídeo mostrando seu trabalho e o corpo curvilíneo,a personal trainer paulista Bianca Martins foi atacada no Instagram,no ano passado,com comentários negativos,deixando-a assustada. “Já sofri muito bullying,mas o que veio com a internet foi extremo”,diz. Sua amiga,a nutricionista e personal carioca Cynthia Moraes,também se acostumou a ouvir críticas maldosas. “Uma aluna me contou que uma pessoa desdenhou do fato de ela estar fazendo uma consultoria comigo. Como se eu fosse incapaz de fazer um bom trabalho.” Apesar do preconceito,as duas,que produzem conteúdo para a internet,afirmam ter alcançado e ajudado mulheres que se intimidam com o ambiente das academias. “Muitas não estão prontas para ir e fazem os treinos em casa. Eu mostro que o importante é se exercitar para ter saúde e envelhecer com autonomia”,explica Bianca.

A personal trainer Cynthia Moraes — Foto: Arquivo pessoal

Diretor técnico do grupo da rede de academias Bodytech e educador físico,Eduardo Netto afirma que o corpo dos profissionais que pleiteiam uma vaga como professor não é avaliada. “Levo em consideração se ele é formado,sua titularidade e diploma. Importar-se com o corpo é algo muito limitante,porque seu valor não é estético.” Embora entenda que a “pegada” visual é forte,e não possa interferir nas escolhas pessoais de cada cliente,Eduardo acredita ser essencial olhar com mais carinho e prioridade para a saúde e o bem-estar. “Nos Estados Unidos,hoje em dia,o principal objetivo da atividade física é melhorar a saúde mental. Ao fazermos qualquer exercício,nos sentimos mais dispostos quando ele acaba. São benefícios fáceis e tangíveis,fugindo da questão do peso”,conclui o profissional.

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