O embaixador e a COP dos desafios

2025-02-13 HaiPress

Miriam Leitão entrevista André Aranha Corrêa do Lago,presidente da COP30 — Foto: divulgação

RESUMO

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GERADO EM: 12/02/2025 - 21:56

Desafios climáticos e econômicos na COP30: Entrevista com Embaixador André Corrêa do Lago

Embaixador André Corrêa do Lago,presidente da COP30,destaca desafios como a saída dos EUA do Acordo de Paris. Defende a importância da economia na discussão climática e debate sobre explorar petróleo na Foz do Amazonas. Destaca a necessidade de financiamento e a oportunidade da nova economia para o Brasil. O objetivo é garantir uma participação efetiva da sociedade civil na conferência em Belém.

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O embaixador André Corrêa do Lago,vai criar um conselho de economistas,brasileiros e estrangeiros,para assessorar a presidência da Conferência. Ele quer que a economia esteja na discussão,e,por isso,adianta que o ministro Fernando Haddad está muito empenhado na questão. Admite que há uma mudança significativa com a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris e defende a tese de que não há conflito entre explorar o petróleo na Foz do Amazonas,se for essa a decisão,e a posição de liderança do Brasil nas negociações do combate às mudanças climáticas. O importante,segundo ele,é saber “como é que vamos pegar esse trem que está passando a uma velocidade razoável na Estação Brasil”.

Fiz uma entrevista com o embaixador,que foi ao ar na GloboNews,sobre os muitos desafios desta COP. Foi ao ar ontem na Globonews. Um deles é o anúncio feito por Donald Trump da saída do Acordo de Paris.

—Muita coisa muda com essa decisão americana. Tem um elemento de incerteza porque demora um ano para ele sair. Quer dizer,ele (Trump) anunciou que vai sair,mas o processo dura um ano. Então,os Estados Unidos estarão em Belém. Agora,qual vai ser o tipo de atuação dos Estados Unidos? É um elemento que muda muito a COP.

Ele lembra que os Estados Unidos não se resumem ao governo americano. No primeiro mandato,vários estados e inúmeras empresas continuaram defendendo o combate à mudança climática. É verdade. Só que agora há um movimento de abandono de metas ambientais por parte do mundo corporativo. Corrêa do Lago diz que não acredita que seja o fortalecimento do “negacionismo”,porque avalia que é uma ideia difícil de manter diante de todos os eventos climáticos extremos do ano passado. Ele acha que está havendo uma reação das empresas alegando que as ações contra o clima não estão sendo tão boas para os negócios como imaginavam.

Sobre a polêmica em torno de exploração ou não do petróleo na Foz do Amazonas,ele explicou sua posição:

— O que a gente tem que pensar é que países em desenvolvimento têm opções muito limitadas e a demonstração disso foi a dificuldade de se conseguir recursos para combater a mudança do clima. A gente pode usar o petróleo de diversas maneiras,dependendo do país. Temos que debater como vamos usar os recursos do petróleo. E esse é um debate importante que o Brasil tenha nos próximos meses. Cada país precisará tomar sua decisão. A decisão internacional já está tomada: nós vamos nos afastar dos fósseis. A ciência está nos avisando que temos pouco tempo para fazermos as mudanças.

O embaixador afirma que os brasileiros precisam pensar o que querem da COP. Em Dubai,esperava-se que o comunicado final tivesse menção ao fim do petróleo. E teve. Já em Baku,a expectativa era uma definição sobre financiamento,mas o resultado foi frustrante. Não há uma expectativa específica para a COP30. Mas ele acredita que o impacto econômico positivo dessas negociações para o Brasil está evidente.

— Essa nova economia que está se fortalecendo é uma oportunidade incrível para o Brasil. Há muita gente escrevendo sobre isso. Esse é o grande debate. Como é que vamos pegar esse trem que está passando a uma velocidade razoável na Estação Brasil,para a gente passar a ter um papel muito mais importante na economia mundial. Estamos reunindo ótimos economistas brasileiros e estrangeiros para criar de certa forma um conselho de economistas,porque precisamos ouvir essas vozes.

Sobre a questão do financiamento,o embaixador comenta que o Brasil e o Azerbaijão,que foi a última presidência,vão apresentar um relatório de como se pode passar dos US$ 300 bilhões de financiamento anual para US$ 1,3 trilhão. Essas quantias foram faladas em Baku,mas não se chegou a um acordo.

Corrêa do Lago acha que é preciso encontrar uma maneira para contornar o problema dos preços altos de hospedagem em Belém. Ponderei com ele que a esses preços se afasta a sociedade civil,que,pela natureza da conferência,tem sempre muita participação.

—Há uma imensa expectativa de que no Brasil,país democrático,com o presidente Lula que quer uma presença grande da sociedade civil,que nada impeça ou atrapalhe essa presença que é o papel essencial para essa COP.

Faltam alguns meses e há muito a fazer,em todos os campos,para que a COP30 seja bem-sucedida.

(Com Ana Carolina Diniz)

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