2025-02-11
IDOPRESS
Salman Rushdie em uma palestra na Feira do Livro de Frankfurt: julgamento do homem que esfaqueou o autor começou nesta segunda,10 de fevereiro — Foto: KIRILL KUDRYAVTSEV/AFP
GERADO EM: 10/02/2025 - 18:09
O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
CLIQUE E LEIA AQUI O RESUMO
O escritor Salman Rushdie esteve "perigosamente perto de morrer",disse nesta segunda-feira (10) a promotoria,durante o julgamento do autor do ataque que fez o escritor de "Os versos satânicos" perder a visão de um dos olhos.
Paredão: enquete do BBB 25 aponta reviravolta em votação e mostra empate entre participantes; veja parcialRicardo Vianna: quem é o pai do bebê de Lexa? Noivo da cantora,ator vibrava com a gravidez de sua segunda filha
Hari Matar,um libanês-americano de 27 anos,gritou "Palestina livre!" ao entrar no tribunal do Condado de Chautauqua,em Mayville,Nova York. Ele é acusado de tentativa de homicídio e agressão.
Testemunho: leia trechos de 'Faca',livro em que Salman Rushdie relembra atentado que sofreu em 2022
O acusado,preso no local do ataque,esfaqueou o autor de "Os filhos da meia-noite" uma dúzia de vezes no rosto,pescoço e abdômen em 12 de agosto de 2022,o que deixou a vítima entre a vida e a morte por semanas.
O promotor de distrito Jason Schmidt afirmou que Rushdie havia acabado de se sentar para dar uma palestra no Anfiteatro Chautauqua para cerca de mil pessoas. "Um jovem de estatura mediana usando uma máscara escura (...) apareceu no fundo do teatro",disse Schmidt. "Uma vez no palco,ele acelerou a toda velocidade".
"Matar cravou a faca no Sr. Rushdie com força,eficiência e velocidade,repetidamente... golpeando e esfaqueando a cabeça,o pescoço,o abdômen e a parte superior da coxa" do escritor. Segundo Schmidt,Rushdie levantou as mãos para se defender,mas permaneceu sentado após ser atingido diversas vezes.
'Faca': ataque que fez Salman Rushdie perder um olho vai inspirar documentário dirigido por Alex Gibney
Deborah Moore Kushmaul,funcionária do centro cultural,disse ao júri que recolheu a faca usada no ataque e a entregou à polícia. "Vi sangue,vi as pessoas se aglomerando. Nosso público,em boa parte idosos,gritava. Minha maior preocupação era de que pudesse haver uma bomba nas bolsas,que pudesse haver outro agressor."
O autor do ataque esteve "perigosamente perto" de matar Rushdie,afirmou Jason Schmidt,acrescentando que o autor foi esfaqueado em seu olho direito com tanta fúria que o nervo ótico foi afetado. "A pressão arterial dele estava baixa. Ele perdeu muito sangue."
Salman Rushdie,que se tornou referência planetária na denúncia da censura de ideias,faz em “Faca” o relato do atentado que o deixou sem mobilidade na mão esquerda e sem a visão no olho direito — Foto: Divulgação/Rachel Eliza Griffiths
O escritor britânico-americano,77,nascido na Índia e morador de Nova York,não compareceu ao julgamento. Rushdie recebeu ameaças de morte desde que sua obra "Os versos satânicos" foi declarada blasfema em 1989 pelo então líder supremo do Irã,o aiatolá Ruhollah Khomeini.
Khomeini emitiu uma fatwa (decreto religioso) em 1989 convocando muçulmanos ao redor do mundo a matar Rushdie.
Matar,que se declarou inocente da tentativa de homicídio,também foi acusado em julho,por um tribunal federal,de fornecer apoio e recursos ao movimento xiita libanês Hezbollah,ligado ao Irã,que apoiou a fatwa. A advogada Lynn Schaffer alertou que os promotores "fazem suposições sobre o Sr. Matar que afetam a forma como investigam".
1 de 10
Escritor Salman Rushdie — Foto: CHARLY TRIBALLEAU/AFP
2 de 10
Salman Rushdie foi atacado em evento em Nova York,nos EUA — Foto: AFP PHOTO / JOEL SAGET
Pular
X de 10
Publicidade 10 fotos
3 de 10
Salman Rushdie participa de coletiva de imprensa na Bienal do Livro do Rio,em 2003 — Foto: Marizilda Cruppe / Agência O Globo
4 de 10
Salman Rushdie,em 2005,na praia de Copacabana,Zona Sul do Rio — Foto: Marcelo Carnaval / Agência O Globo
Pular
X de 10
Publicidade
5 de 10
O escritor Salman Rushdie — Foto: Joe KLAMAR / AFP
6 de 10
Fundamentalistas pró-iranianos do Hezbollah queimam uma efígie do escritorSalman Rushdie. Ele foi acusado de blasfêmia por seu livro "Versos Satânicos" — Foto: NABIL ISMAIL / AFP - 26/02/1989
Pular
X de 10
Publicidade
7 de 10
Salman Rushdie discursa durante festival internacional de literatura em Nova York — Foto: Shannon Stapleton / The New York Times
8 de 10
Salman Rushdie na festa realizada na Mulford Farm,como parte do Guild Hall 2019 Summer Gala,em East Hampton,Nova York — Foto: Elizabeth D. Herman / The New York Times
Pular
X de 10
Publicidade
9 de 10
John Dean,que trabalhou para o presidente Richard Nixon e escreveu quatro livros sobre seu governo,e Salman Rushdie conversam durante um coquetel organizado pelo Ethics Center of Australia,em Nova York — Foto: An Rong Xu / The New York Times
10 de 10
O autor Salman Rushdie e Missy Brody (à dir.) se misturam em uma festa após o Red Auction na Sotheby's em Nova York — Foto: Yana Paskova / The New York Times
Pular
X de 10
Publicidade Ameaçado de morte pelo Irã,escritor é atacado por homem nos EUA
Matar,que usava uma camisa azul e falava frequentemente com sua equipe jurídica de cinco membros no tribunal,disse ao New York Post,após sua prisão,que havia lido apenas duas páginas do romance de Rushdie,mas acreditava que o autor havia "atacado o islã".
Em sua obra "Faca: reflexões sobre um atentado",publicada em abril do ano passado,Rushdie contou como superou o ataque e mantém uma conversa imaginária com seu carrasco,cujo nome não mencionou,sobre suas crenças e motivações.
No livro,o autor lembra que o "imbecil que imaginou coisas sobre mim",como ele chama o agressor,leu apenas algumas páginas do livro que motivou a fatwa.
Até o ataque de Matar,Rushdie havia sido vítima de mais de seis tentativas frustradas de assassinato. Depois de viver sob escolta por vários anos e escondido em Londres,ele se estabeleceu em Nova York no ano 2000. Desde então,tem uma vida social intensa.