2025-02-07
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Balcão de carnes em supermercado de São Paulo — Foto: Victor Moriyama/Bloomberg
GERADO EM: 06/02/2025 - 22:53
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A inflação de alimentos pode não repetir nos próximos meses a disparada registrada no ano passado,considerando previsões mais moderadas de alguns economistas. No entanto,os preços de certos alimentos básicos — como é o caso do café,das carnes,dos ovos e dos alimentos in natura — devem pesar mais no bolso das famílias,especialmente na primeira metade do ano.
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O principal “vilão” da inflação de alimentos será o café,segundo analistas. Parte do aumento será resultado de altas que já ocorreram na indústria,mas que ainda não chegaram na ponta. Outro fator é a estimativa é de uma safra um pouco menor neste ano,já que o solo ainda se recupera da estiagem que afetou a produção brasileira no Brasil,maior produtor mundial do grão,e estimulou o aumento de preços.
— Espero altas de 7,60% em janeiro,5,21% em fevereiro e 5,46% em março. O consumidor vai ficar sentindo esse aumento no primeiro trimestre,diria que o segundo trimestre inteiro também. Depois disso,o aumento pode ser em torno de 3% e chamará menos atenção — explica Gabriel Pestana,analista econômico da Genial Investimentos.
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Leonardo Costa,economista da financeira ASA,espera uma alta de 25% para o café neste ano,com um impacto maior sobre os preços no primeiro e segundo trimestres. Ele lembra que o tipo arábica tem um ciclo bianual de produção,por isso,as safras alternam entre uma colheita maior e outra menor.
O segundo maior “vilão” deverá ser as carnes,especialmente a bovina. Costa,do ASA,lembra que o consumidor ainda colhe os efeitos do choque de preços ocorrido no ano passado,quando a arroba do boi disparou e ainda não retornou a patamares mais confortáveis. A expectativa do economista é de uma alta de 14% da proteína ao consumidor em 2025.
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Já Pestana,da Genial,projeta um aumento médio de 10% das carnes este ano. Embora o preço da proteína possa arrefecer em fevereiro,com a arroba do boi gordo em queda — um reflexo da dificuldade dos frigoríficos para escoar a produção no mercado interno,segundo o setor —,essa redução deve ser apenas um recuo temporário,como um mecanismo de equilíbrio de mercado.
A virada do ciclo do boi,com processo de retenção de fêmeas,não elimina por completo a tendência de preços elevados,explica:
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— A condição de oferta de carne vai ficar ruim porque tem que esperar o bezerro maturar pra abater. O estoque está menor — afirma Pestana.
Outro grupo que pode ter altas expressivas é o de alimentos in natura — como hortaliças,frutas e legumes como batata,tomate e cenoura — que devem subir,segundo Costa,cerca de 10,5% no ano,embora o segmento seja historicamente volátil,podendo aumentar muito em um mês e cair muito no outro,e não tenha um peso expressivo na cesta.
Costa aponta que o aumento do custo de produção no campo é um dos principais fatores para a alta,impulsionado pela desvalorização do real e pelo encarecimento de insumos agrícolas no mercado internacional:
— No ano passado,esse grupo chegou a registrar deflação,mas a expectativa para 2025 é de alta. O tomate pode subir 15% no ano. Temos notícias piores para safras no Sul,mas os modelos climáticos indicam um caminho de transição para a neutralidade.
A cenoura,por exemplo,já apresenta tendência de alta no início do ano,podendo acumular avanço de 60%,segundo os dados analisados pela Genial Investimentos. Mas Pestana lembra que estes são itens que pesam pouco e sofrem influência da sazonalidade,com picos de preços durante o início do ano e devolução nos meses seguintes.
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Já os preços de frangos e ovos podem ou não registrar alta neste ano. As projeções divergem: enquanto alguns analistas preveem deflação nos ovos,outros esperam reajustes para cima. No fim das contas,o comportamento dos preços tende a ser influenciado pela variação nas carnes,já que ambos costumam ser substitutos diretos da proteína bovina.
Itens como arroz,óleo de soja e feijão também geram mais discordância entre os economistas,que ainda aguardam sinais mais claros das próximas safras. Estes produtos têm ligação com o câmbio e com as expectativas de inflação,que podem levar vendedores a antecipar reajustes de preços.
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