Lula se equilibra na Venezuela em 2025

2025-01-03 HaiPress

O presidente venezuelano Nicolás Maduro e o presidente Lula — Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo

RESUMO

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GERADO EM: 02/01/2025 - 20:26

Presidente Lula mantém diálogo com Maduro na Venezuela

O presidente Lula pretende enviar embaixadora para posse de Maduro na Venezuela,mantendo diálogo e interesses econômicos,apesar de não reconhecer vitória chavista. Ação visa manter relação pragmática e preservar canais de comunicação em meio a incertezas e desafios na região.

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Daqui a uma semana,o ditador Nicolás Maduro será empossado em Caracas e assumirá seu terceiro mandato consecutivo. Segundo altas fontes do governo brasileiro,a tendência do presidente Lula é enviar a embaixadora em Caracas à cerimônia,apesar de o Brasil não reconhecer a vitória do chavista nas eleições presidenciais de 2024.

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Por que Lula faria isso? Existem vários motivos. Primeiro,a tradição diplomática brasileira,respeitada por todos os governos que passaram pelo Planalto após a redemocratização,com exceção de Jair Bolsonaro,é não intervencionista. Bolsonaro cogitou aderir a planos intervencionistas do primeiro governo de Donald Trump na Venezuela,o que acentuou o distanciamento entre os dois países — iniciado na gestão de Michel Temer,de forma mais tímida.

Fontes oficiais explicaram que uma coisa é não reconhecer o resultado da eleição e outra é não comparecer à posse. A decisão final será tomada por Lula,mas tudo indica que,em nome dessa tradição não intervencionista,a embaixadora Glivânia Maria de Oliveira estará presente no evento,buscando transmitir o desejo do Brasil de manter uma “relação pragmática”.

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Outras razões mencionadas pelas fontes são a presença de 20 mil brasileiros que moram na Venezuela; os interesses econômicos do Brasil,entre outros pela energia elétrica,petróleo e minérios venezuelanos; e a preservação da paz na fronteira de cerca de 2 mil quilômetros.

Não enviar um funcionário de Brasília significa,segundo as mesmas fontes,que Lula está firme em sua posição de desconfiança sobre o processo eleitoral. Enviar a embaixadora,por sua vez,é uma “calibragem” da política externa,deixando clara a decisão de manter uma relação entre Estados.

O Brasil quer preservar canais de diálogo com o chavismo,entre outras razões para ajudar argentinos e peruanos,hoje representados no país por diplomatas brasileiros — a representação da Argentina foi revogada por Caracas,mas a bandeira do Brasil continua na embaixada do país,preocupação constante para Lula pela presença de cinco asilados ligados à líder opositora María Corina Machado.

Semana passada,o governo brasileiro socorreu a Casa Rosada na crise desencadeada pela detenção,em Caracas,do policial argentino Nahuel Agustín Gallo,acusado de terrorismo. Foi o Brasil quem pediu explicações ao governo venezuelano e,em 23 de dezembro,recebeu uma carta da Chancelaria venezuelana na qual se informa que o argentino “está submetido a um processo judicial” no país.

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Paralelamente,fontes do governo brasileiro consideram adequada a presença da embaixadora na posse diante de alguns gestos realizados pela ditadura chavista recentemente,principalmente a liberação de um grande número de presos políticos. ONGs locais não sabem o número exato,mas em Brasília a notícia foi bem recebida.

A ONU decidiu manter sua presença em Caracas,outra informação que trouxe alívio ao governo brasileiro. Finalmente,a iminente volta do republicano Donald Trump ao poder representa uma incógnita sobre qual será,desta vez,sua postura sobre a ditadura chavista. Optar pelo pragmatismo,frisaram as fontes,dá ao Brasil mais margem de manobra.

Uma das funções da política externa é antecipar cenários. E,no caso da Venezuela,há dúvidas mas,também,a certeza de que permanecer no território é infinitamente mais conveniente do que arriscar uma nova ruptura.

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