2024-10-26 HaiPress
O espanhol Ilia Topuria luta para manter o cinturão do peso-pena — Foto: Divulgação
Hoje,o Real Madrid não contará com um torcedor ilustre nas arquibancadas do Santiago Bernabéu no clássico com o Barcelona,às 16h (de Brasília). No mesmo horário,o espanhol Ilia Topuria vai enfrentar o americano Max Holloway,em Abu Dhabi,na disputa do peso-pena no UFC 308. O lutador vai defender o cinturão da categoria,conquistado em fevereiro deste ano.
Uma semana após o lutador conquistar o título mundial,ele viveu um dos momentos mais marcantes fora do octógono. Topuria deu o pontapé inicial na partida entre o Real Madrid e o Sevilla,no Bernabéu,e foi ovacionado pela torcida. O lutador não vai poder ver o "El Clasico" de hoje,mas já está na torcida para que Vini Jr. leve a Bola de Ouro na segunda-feira.
— Todo mundo sabe que sou torcedor do Real Madrid,que também conta com uma grande contribuição de brasileiros,como Vinicius,Rodrygo,Militão e Endrick. Foi uma honra que o Vini estivesse na estreia do meu documentário. Desejo a ele tudo de melhor e possa conquistar a Bola de Ouro — diz Topuria,que também reconhece a importância do Brasil para o sucesso do MMA. — Não se pode entender o UFC sem o Brasil. De fato,o primeiro evento da companhia,em 1993,foi vencido por um brasileiro,Royce Gracie. Atualmente,Oliveira (Charles),Pereira (Alex) e Pantoja (Alexandre) também se tornaram magníficos representantes desse esporte. Está claro que o UFC tem um forte sabor brasileiro.
De família georgiana,Topuria nasceu na Alemanha,retornou à Geórgia e imigrou para a Espanha,aos 15 anos. Foi na terra natal dos pais onde teve o primeiro contato com a luta greco-romana,a sua especialidade. Em solo espanhol,aprimorou o MMA,ao lado do irmão Aleksandre,graças à curiosidade da sua mãe.
—É uma história curiosa. Ao chegar a Alicante (cidade da costa leste da Espanha),minha mãe,sabendo que gostávamos de luta,viu um homem com as orelhas de couve-flor (é assim que ficam os lutadores depois de várias lutas devido aos golpes que recebem). Ela perguntou se ele lutava e assim descobrimos o Club Climent,o ginásio onde nos formamos como lutadores e pessoas. Não sabíamos falar espanhol,e lá aprendemos a nos integrar em nosso novo país,fizemos amigos e começamos a crescer em todos os sentidos. Com 15 anos,dissemos ao meu pai que não queríamos mais ir ao colégio porque tínhamos claro o que iríamos fazer da vida — conta Topuria.
O peso-pena estava certo. O MMA seria seu futuro. Mas não foi tão simples chegar ao UFC,a principal organização das artes maciais mistas. A primeira oportinidade só veio em 2020 a convite — o MMA foi o único esporte que não parou durante a pandemia. Mas foi o suficiente para provar seu valor. Quatro anos depois,ele tem no currículo 15 lutas e 15 vitórias.
A invencibilidade vem sendo forjada com um misto de técnica e extrema confiança no seu talento. E é assim que ele pretende manter o cinturão no confronto com Holloway. Topuria não aceita outro lugar que não seja o topo.
— Sei que sou o melhor e preciso provar isso. A mentalidade é essencial no esporte e na vida. No Brasil,vocês têm grandes lutadores,como Alex Pereira e Charles Oliveira,que admiro pela tenacidade e por como surgiram de origens muito humildes,assim como eu,e sabem o que é necessário para vencer no octógono. A questão mais importante é provar que você é tão bom quanto pensa que é. minha meta sempre foi ser o número 1 do mundo; nunca me contentei em ser top 5 ou top 3 — analisa Topuria,que colocou a Espanha no mapa do UFC.
— Sou o que chegou mais alto,mas não sou o primeiro espanhol a lutar no UFC. Antes,houve outros que abriram caminho. Todos contribuíram para o crescimento das MMA na Espanha,mas acho que,com meu título,desencadeou-se uma febre importante e cada vez mais jovens estão indo aos ginásios. É algo parecido com o que aconteceu quando Fernando Alonso foi campeão do mundo de F1; naquela época,milhares de crianças se inscreveram no kart para tentar ser como ele algum dia — conta.
Aos 27 anos,Topuria vislumbra o futuro. Não será totalmente fora das lutas,claro. Junto aos projetos empresariais e o lançamento,em breve,da sua Fundação,ele quer experimentar outros desafios num ringue.
— Ainda me restam alguns anos no UFC,mas quando me retirar,gostaria de experimentar o mundo do boxe. Tenho o sonho de poder lutar contra Canelo Álvarez no México. Ele é um boxeador impressionante — diz.