Bairros-pêndulo, cinturão azul, áreas termômetro: as regiões que podem definir a eleição de São Paulo

2024-09-15 HaiPress

Entrada da estação de trem e metrô Corinthians-Itaquera: bairro é um dos que tiveram mudanças de preferência política em eleições à prefeitura de SP — Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo/24-03-2023

RESUMO

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GERADO EM: 15/09/2024 - 03:30

Bairros-pêndulo de SP definem eleições

Em São Paulo,bairros como média periferia e cinturão azul podem definir eleições,sendo cruciais os bairros-pêndulo,onde votos oscilam entre esquerda e direita. O Centro expandido tende à direita,enquanto áreas termômetro refletem o resultado da cidade. Marta e Doria foram exceções. Atuais candidatos focam em regiões periféricas para conquistar votos decisivos.

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Em uma analogia com as eleições americanas,algumas áreas de São Paulo podem ser chamadas de “bairros-pêndulo”. A cada eleição,eles se movimentam da esquerda para a direita e têm alta importância no desfecho das disputas.

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A troca de preferências políticas ocorre,principalmente,nos bairros mais afastados do Centro,mas que ainda não estão na borda da cidade,chamados de média periferia,como Itaquera,São Miguel Paulista,José Bonifácio,Pirituba e Cidade Ademar. Por isso,não é raro que as periferias definam as eleições,já que concentram os votos mais indecisos e com maior potencial de mudança.

Para entender o fenômeno,O GLOBO analisou dados das eleições desde 1996,quando Celso Pitta venceu Luiza Erundina,até 2020,a mais recente,quando Bruno Covas (PSDB) venceu Guilherme Boulos (PSOL). A partir dos números,as regiões receberam as cores nos mapas acima: quanto mais vermelho,maior o número de votos para candidatos da esquerda. Quanto mais azul,maior a quantidade de votos para a direita. As regiões foram classificadas como cinturão azul,frente vermelha,mistos e termômetros.

— As regiões periféricas experimentaram muitas mudanças sociais no início dos anos 2000,tiveram uma dinâmica econômica muito forte. Mas as crises econômicas também afetaram mais fortemente esses espaços,onde as pessoas não tinham uma reserva. Essa classe média baixa,que foi importante no apoio à esquerda,também acabou se frustrando algumas vezes,buscando outros discursos e alternativas — avalia o sociólogo Igor Pantoja,coordenador de relações institucionais da Rede Nossa São Paulo.

Já o Centro expandido manteve,na maior parte das eleições,a coloração azul escuro ou azul claro,mostrando a tendência de votos à direita na região que contorna o Centro Histórico. Não por acaso,são bairros mais ricos ou de classe média,como Tatuapé,Mooca,Vila Prudente (Zona Leste); Ipiranga,Saúde,Vila Mariana,Indianápolis,Santo Amaro,Jardim Paulista (Zona Sul); Butantã,Pinheiros,Perdizes,Lapa (Zona Oeste) e Casa Verde,Santana e Vila Maria (Zona Norte).

— O Centro expandido sempre foi a área privilegiada em investimentos. Jânio Quadros e Paulo Maluf incentivaram os investimentos nas áreas centrais,que concentraram uma classe média mais conservadora — avalia Pantoja.

Os bairros mistos (ou pêndulos) são aqueles que costumam ter coloração de vermelho ou azul mais claros,chegando ao branco. Numericamente,eles têm uma diferença de votos entre esquerda e direita menor do que 10%. Costumam variar a cada eleição,sobretudo nas mais acirradas. Foi o caso de 2020,na disputa entre Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL),quando foram registrados ao menos 11 bairros mistos. Em 2012,foram ao menos oito.

A reportagem ainda identificou também aqueles bairros que costumam quase sempre ser reflexo do resultado das eleições na cidade toda,os bairros-termômetro,como Ermelino Matarazzo,Rio Pequeno e Vila Matilde. O candidato vitorioso também costuma ser vencedor nesses bairros. São regiões com uma forte desigualdade,áreas de classe média e áreas pobres,o que acaba representando a divisão social do próprio município.

Marta e Doria: casos excepcionais

São Paulo teve apenas duas eleições atípicas desde a redemocratização. Em 2000,Marta Suplicy (PT) ganhou em todos os bairros,incluindo o cinturão azul. Apenas na Vila Maria teve uma divisão perfeita de votos,com metade para Paulo Maluf.

Outro fenômeno singular das urnas foi João Doria,em 2016,que também venceu em todos os bairros e levou as eleições no primeiro turno. Naquele ano,até bairros que sempre votaram com a esquerda,como Cidade Tiradentes,Grajaú e Piraporinha,escolheram o tucano. Além da rejeição a Fernando Haddad (PT),que foi mal avaliado pelas periferias,o país vivia o auge das investigações Lava-Jato,com denúncias contra integrantes do PT e do governo Dilma Rousseff.

Na campanha atual,quatro dos cinco primeiros colocados nas pesquisas Datafolha e Quaest — Ricardo Nunes (MDB),Guilherme Boulos (PSOL),Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB) — dão preferência para agendas de rua em bairros periféricos,regiões que,como mostram os mapas,costumam mudar as tendências de votos e podem definir as eleições. Apenas Pablo Marçal (PRTB) tem optado por agendas no Centro expandido,em bairros como Tatuapé,Ibirapuera e Jardins.

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