Atleta da Maré é a única brasileira a participar de competição mundial de jogos eletrônicos na Itália

2024-09-14 HaiPress

Maluzzita é jogadora de Skate XL,que simula manobras de skate em ambientes digitais — Foto: Guito Moreto

RESUMO

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GERADO EM: 14/09/2024 - 05:00

Atleta de e-sports da Maré brilha na Itália em busca das Olimpíadas de 2025.

A atleta Maluzzita,da Maré,é destaque em competição mundial de e-sports na Itália,representando as mulheres brasileiras. Treinada pela DiversiGames,ela mira as Olimpíadas de 2025. A empresa busca inclusão e diversidade nos games,formando atletas para competições internacionais,como Thur e Tottoro,que encontraram nos e-sports uma nova oportunidade após trajetórias no esporte físico. A DiversiGames oferece formação e treinamento,impactando jovens de comunidades carentes.

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Nascida e criada no coração da Vila do João,no Complexo da Maré,na Zona Norte,Maria Luiza dos Santos Souza,mais conhecida como Maluzzita,está prestes a fazer história. Aos 19 anos,a jovem atleta de e-sports foi escolhida pela Confederação Nacional de Skate (CBSK) para representar o Brasil no primeiro torneio de e-sports do World Skate Games,que acontece este mês em Roma,na Itália. Esta é a primeira vez que a modalidade Skate XL será disputada em um campeonato mundial de skate,e Maluzzita é a única mulher brasileira classificada para essa competição inédita.

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A jovem,que nunca andou de skate nas ruas de sua comunidade,encontrou nos jogos eletrônicos um caminho para o sucesso e a realização de sonhos que pareciam distantes.

— Eu costumo dizer que os jogos eletrônicos me salvaram,porque era onde eu buscava refúgio. Desde criança,eu saía de casa e ia para a lan house jogar — relembra a atleta.

Agora,sua paixão virou ofício. Como jogadora profissional,ela treina para o Skate XL,jogo que simula manobras de skate em ambientes digitais.

Além de ser uma atleta de e-sports,Maluzzita atua como embaixadora da DiversiGames,uma empresa de impacto social que oferece acesso à cultura gamer a jovens de comunidades carentes e grupos minoritários. No Centro de Formação da DiversiGames,em Benfica,Maluzzita treina regularmente para aprimorar suas habilidades.

Tottoro (à esquerda),Thur e Maluzzita no Centro de Formação da DiversiGames,em Benfica — Foto: Guito Moreto

— Estou sempre jogando,pelo menos duas vezes por dia. Aqui na DiversiGames,pratico toda terça e quinta,e o restante da semana,em casa. Quero me aperfeiçoar cada vez mais — conta.

Maluzzita embarca para Roma na próxima segunda-feira,dois dias antes do início do torneio de e-sports,que será disputado quarta e quinta-feira.

— Quando recebi a notícia de que iria para a Itália,foi um misto de emoções. Primeiro,fiquei aérea,sem acreditar,e depois veio uma alegria enorme. Nunca imaginei que estaria em uma competição como essa. Estou muito feliz. É uma sensação incrível estar representando o Brasil e as mulheres em um campeonato gigante — celebra.

Maluzzita já tem grandes planos para o futuro. Além de participar do World Skate Games,ela mira as Olimpíadas de e-sports,que acontecerão em 2025,na Arábia Saudita.

— Esse é o meu próximo objetivo. Vou continuar focada para chegar até lá — afirma.

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Criada no início deste ano,a DiversiGames,onde a jovem treina,tem como missão promover a inclusão e a diversidade no universo dos games. A empresa oferece formação em letramento digital,programação de jogos e treinamento para competições de e-sports,visando a transformar a vida de jovens em situação de vulnerabilidade social. Mariana Uchôa,cofundadora e diretora de operações da DiversiGames,destaca a importância desse trabalho.

— Nossa missão é gerar oportunidades e mostrar que inovação,aliada ao trabalho,pode transformar vidas — afirma.

Mariana também ressalta que a ideia de treinar e formar atletas olímpicos em modalidades de esportes eletrônicos surgiu a partir da observação das oportunidades no mercado. Quando as Olimpíadas de esportes eletrônicos foram confirmadas,a DiversiGames viu uma chance real de mudar vidas. A empresa,então,começou a investir na formação de atletas para as modalidades previstas nas Olimpíadas,baseando-se em competições realizadas,como as de Singapura.

— Acho que o nosso grande diferencial é a diversificação. Olhamos para o universo gamer de forma ampla,desde o letramento digital,o primeiro contato com a tecnologia,até a criação de oportunidades de trabalho e renda. Ensinamos os jovens a programar,criar roteiros,design e trilha sonora e participamos também em esportes eletrônicos,como Valorant,Free Fire e Fortnite,além de modalidades olímpicas e a criação de conteúdo gamer para plataformas como TikTok — diz Mariana.

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Ela frisa ainda que a DiversiGames está sempre atenta às rápidas mudanças da indústria dos games e aos avanços tecnológicos,buscando oferecer o que há de mais inovador. Até agora,quase três mil pessoas foram impactadas pelas atividades da empresa,com 200 participantes regulares entre os polos de Benfica e Niterói. Além disso,o projeto realiza oficinas abertas,imersões com outras ONGs,visitas a escolas públicas e oficinas on-line.

— Para participar das nossas oficinas regulares,os jovens precisam ter,no mínimo,7 anos,no Polo de Benfica e 12 anos,no Polo de Niterói. As atividades acontecem no contraturno escolar,e a inscrição depende da disponibilidade de vagas. Se não houver vaga no momento,o jovem é colocado na lista de espera e chamado assim que possível — explica Mariana.

Além de Maluzzita,a DiversiGames está treinando outros atletas de esportes eletrônicos para competições internacionais. Arthur Lopes,o Thur,de 22 anos,morador de Olaria; e Gabriel Nogueira,o Tottoro,de 30 anos,morador de Del Castilho,decidiram concorrer a uma vaga para as Olimpíadas de e-sports. Até lá,eles participam de eventos classificatórios,como o ePremier12,o torneio mundial realizado em novembro,em Tóquio,que reúne os 12 maiores jogadores de WBSC e-baseball.

Thur conta como tem sido o intenso treinamento para se preparar para competições como o ePremier12. Ele pratica diariamente para melhorar suas habilidades.

— O processo de treinamento tem sido bem puxado,porque tenho que encaixar na minha rotina,mas está dando certo. Tento praticar sempre duas horas por dia — conta.

Tottoro teve sua trajetória nos esportes interrompida por uma lesão no joelho,que o levou a migrar para os e-sports.

— Com 20,21 anos,eu rompi o ligamento cruzado e o menisco do joelho direito e,como não poderia jogar futebol como antes,acabei encontrando no futebol virtual uma maneira de continuar jogando — relembra.

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Desde então,ele tem se dedicado aos e-sports,com foco no EA Sports FC e no e-baseball,e está determinado a conquistar uma vaga nas Olimpíadas de e-sports.

Tottoro afirma que o esporte eletrônico preencheu um vazio de competitividade que o futebol físico não conseguia mais preencher

— Minha vida mudou com o esporte eletrônico; fez toda a diferença. Sempre quis representar o Brasil lá fora. A gente torce para que o Brasil ganhe campeonatos,e agora tenho a chance de ser parte disso. É um sonho poder representar meu país. No momento,há poucos jogadores brasileiros no e-baseball,o que me motiva ainda mais. Além disso,estou quebrando paradigmas. Não é porque você vem de uma favela que só pode crescer na música ou no futebol. O mercado de jogos eletrônicos hoje lucra mais do que a música e o cinema juntos. É um setor em expansão e,com os Jogos Olímpicos de 2025,terá ainda mais visibilidade. O mundo inteiro estará de olho,e isso será incrível! — reflete Tottoro.

A DiversiGames conta com o patrocínio do Ministério da Cultura,através da Lei de Incentivo à Cultura; do Governo do Estado,por meio da Secretaria Estadual de Cultura; da Águas do Rio; do Instituto Aegea; e da Enel Distribuição Rio. E tem apoio da plataforma TikTok,do canal Woohoo e da DT3.

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