Jean Reno contracena com pinguim em filme baseado em história real de pescador brasileiro: 'É complexo lidar com eles'

2024-09-12 HaiPress

Jean Reno e o pinguim que 'interpreta' Dindim — Foto: Divulgação

RESUMO

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GERADO EM: 12/09/2024 - 06:00

"Meu Amigo Pinguim: Jean Reno estrela filme emocionante sobre amizade e ecologia"

O filme "Meu amigo pinguim" traz Jean Reno contracenando com pinguins em uma história baseada em um pescador brasileiro que salvou um pinguim em Ilha Grande. A produção,dirigida por David Schurmann,destaca a relação afetuosa entre João e Dindim. As filmagens ocorreram em Ubatuba e contaram com 12 pinguins atuando. A trama aborda temas de superação e ecologia,com belos cenários brasileiros.

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Filmar no Brasil não foi a única novidade que “Meu amigo pinguim” proporcionou a Jean Reno. Conhecido por seus papéis em super produções como “Missão impossível” (1996),“Godzilla” (1998) e “A Pantera Cor-de-Rosa”(2006),o ator francês de 76 anos ganhou uma oportunidade,digamos,única. Após contracenar com astros do calibre de Tom Cruise e Robert de Niro,ele teve,pela primeira vez em sua longa e rica carreira,um pinguim como parceiro de cena.

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A produção americana,que estreia nesta quinta (12) nos cinemas,é inspirada na história real de João Pereira de Souza,um pescador brasileiro que,em 2011,salvou um pinguim-de-magalhães coberto de óleo em Ilha Grande (RJ). A ave ganhou o apelido de Dindim e passou a visitá-lo anualmente nos meses de migração (entre junho e dezembro),viajando oito mil quilômetros entre a Patagônia e a costa brasileira. A relação afetuosa de João e a criatura marinha ganhou a mídia internacional e teve os seus direitos comprados por produtores americanos,que convidaram o cineasta brasileiro David Schurmann,de “Pequeno segredo”,para a direção.

“Meu amigo pinguim” traz Jean Reno como João Pereira e tem como cenários os belos panoramas de Ubatuba (locação escolhida pela semelhança com Ilha Grande). O ponto alto do filme,é claro,são as cenas fofas de Dindim com o ator. Mesmo com as complexidades técnicas que a experiência impõe,o francês não perdeu a sua capacidade de comover o público.

— É muito curioso atuar com uma ave — admite Reno,em entrevista por Zoom,de Los Angeles. — Veja bem,é um “ator” que põe ovo! E tem todo um preparo,porque é complexo lidar com eles,quanto mais criar uma conexão em cena. Não dá para levantá-los do chão como um cachorro. Se você não pega ele do jeito certo,bem devagar,ele te dá uma bicada.

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No fim deu certo,já que Dindim rouba a cena. Mas quem espera um novo fenômeno de estrelato animal na linha de Messi,o cachorro de “Anatomia de uma queda” que ganhou fãs e acompanhou a equipe do filme nos tapetes vermelhos dos festivais,poderá se decepcionar.

Isso porque Dindim não é interpretado por um só pinguim,mas vários. Nada menos do que 12 “atores” do Aquário de Ubatuba e do Oceanic Aquarium,em Balneário Camboriú,foram escolhidos para o papel,após um teste de elenco que levou em consideração a personalidade de cada um dos animais. Os mais inquietos fizeram cenas movimentadas e os mais tranquilos foram escalados para interagir com os humanos,como quando Dindim dorme serenamente no peito de Jean Reno à noite.

Filmagens em Ubatuba

A trama adapta a história em forma de fábula. No filme,João se isola de todos após uma tragédia familiar,que rouba sua alegria de viver. O contato com o pinguim vai tirar o pescador da depressão. Contrariando a vontade da esposa (interpretada por Adriana Barraza,atriz mexicana indicada ao Oscar),ele resgata o animal debilitado e o trata em casa. Após se recuperar,Dindim retorna para a Patagônia,encontra outros pinguins,surpreende pesquisadores por seu comportamento “anormal” e volta a visitar João a cada migração.

— É uma história universal sobre um homem que está sozinho e que busca a salvação — diz Reno. — Também é um tema ecológico. Da mesma forma que o pinguim o ajuda a recuperar a alegria,ele pode nos ajudar a recuperar nosso amor pelo Planeta.

Sobre o Brasil,o ator guarda apenas as boas lembranças com os profissionais da equipe:

— Em geral não faço turismo nos lugares em que filmo,porque estou mergulhado na história. Ainda hoje fico triste de ter conhecido lugares tão lindos em “Imensidão azul” (longa de 1988,rodado em locações como Maldivas,Bahamas,Peru e diversas ilhas gregas) e não ter nem uma única foto.

Embora seja um projeto americano com elenco internacional,a ideia dos produtores era ter um DNA brasileiro. O catarinense David Schurmann era o elemento que faltava nesse sequenciamento. Convidado para dirigir o filme quando estava em campanha nos Estados Unidos por uma indicação de seu longa “Pequeno segredo” ao Oscar de 2017,ele inicialmente cogitou um conterrâneo para o papel principal. Não encontrou,porém,atores com renome internacional na faixa etária do personagem,que tem mais de 70 anos na história. Quando a oportunidade de escalar Jean Reno apareceu,ele viajou até a casa do francês para convencê-lo.

Família Schurmann

Fundador da Vozes do Oceano,um instituto apoiado pela ONU que conscientiza sobre plástico nos oceanos,o diretor usou seu conhecimento do mar. Ele passou boa parte da sua juventude embarcado com a família (os Schurmann foram os primeiros brasileiros a circunavegar o mundo em um veleiro) e também dirigiu documentários sobre o universo marítimo. Havia,por fim,uma medida indispensável: filmar a história no Brasil.

— Para mim era muito importante trazer a autenticidade visual do Brasil — diz Schurmann. — Por isso eu queria rodar numa praia com Mata Atlântica. A gente já está muito acostumado a ver pinguim na Patagônia,no Antártico... Mas na floresta causa aquele impacto. Quando a câmera logo no início mostra aquele túnel de mata,com a praia ao lado,os gringos tudo piram,né?

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