2024-09-05 HaiPress
Lady Gaga na estreia de Coringa - Folie á Deux no Festival de Cinema de Veneza — Foto: Marco BERTORELLO / AFP
GERADO EM: 05/09/2024 - 06:01
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Lady Gaga atraiu todos os olhares nesta quarta-feira (4) no tapete vermelho do Festival de Veneza. O que mais impressionou os presentes foi o chapéu usado pela cantora,uma criação surrealista do chapeleiro irlandês Philip Treacy. Mas o modelo não foi criado especialmente para a pop star. Ao contrário,Treacy o desenhou para sua melhor amiga,a editora de moda Isabella Blow.
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O "Chapéu de asas de renda",como foi chamado por Philip Treacy,foi criado pelo irlandês em 2001 para Blow e usado por ela para um de seus mais famosos retratos,feito pelo fotógrafo Diego Uchitel em 2004. Blow foi fotografada sozinha e também ao lado da socialite Daphne Guinness e da consultora Amanda Harlech para um editorial que reunia musas de Treacy,as três usando criações do chapeleiro. Depois da morte de Blow,o chapéu pode ser visto na exposição "Isabella Blow: Fashion Galore!",que reuniu seu acervo de moda.
O modelo usado por Gaga foi produzido com veludo,brocado e renda e se estende à frente do rosto da artista,impendindo-a,por exemplo,de conseguir beijar o noivo,Michael Polansky,com quem está no evento. Era o tipo de acessório que Isabella Blow gostava,justamente por impedir o contato íntimo com terceiros.
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Em uma entrevista de 2002,Blow declarou que usava chapéus extravagantes por uma razão prática: "para manter todos afastados de mim. Eles dizem: 'Posso beijá-la?' Eu digo: 'Não,muito obrigado'. É para isso que uso o chapéu. Adeus. Não quero ser beijada por qualquer um. Quero ser beijada pelas pessoas que amo",contou.
Sem medo de parecer excêntrica e com um olhar apurado para a silhueta,Lady Gaga é,assim como Blow foi no passado,a mulher perfeita para as criações de Philip Treacy. Ela,aliás,já usou criações dele outras vezes.
Chapéus surrealistas são a grande marca do irlandês,de 57 anos,que tem criações vestindo personalidades que vão da rainha Camila (com adereços menos chamativos,por óbvio),do Reino Unido,à atriz Sarah Jessica Parker,que,em um evento no lançamento do filme “Sex and The City”,usou uma peça com flores e borboletas,e Zendaya,que apareceu com um totalmente floral no último Met Gala.
Isabella Delves Broughton foi editora de moda e um ícone de estilo. Musa do chapeleiro Philip Treacy,foi ela quem descobriu o estilista Alexander McQueen e as modelos Stella Tennant e Sophie Dahl. Nascida em uma família de aristocratas britânicos,Blow foi deserdada pelo pai em 1994 e recebeu apenas 5 mil libras da fortuna de US$ 7 milhões.
Nos EUA,trabalhou para a grife francesa Guy Laroche e na revista Vogue,onde foi assistente de Anna Wintour e,mais tarde,de Andre Leon Talley. De volta a Londres,trabalhou com outra lenda do mercado editorial de moda,Michael Roberts,que na época era diretor da revista Tatler e da Style,do Sunday Times. Mais tarde,a própria Blow se tornou diretora de moda da Tatler.
Isabella Blow com chapéu desenhado por Philip Treacy em foto da exposição 'Isabella Blow: Fashion Galore!' — Foto: Divulgação/Somerset House
A amizade com Philip Treacy começou em 1989,quando ele desenhou o vestido de noiva para o segundo casamento dela. Uma relação de musa e criador que inspirou a exposição "When Philip met Isabella" e um livro de mesmo nome.
Blow ajudou Treacy em seu início de carreira e fez o mesmo com Alexandre McQueen,de quem comprou toda a coleção de formatura na prestigiosa escola de moda Central Saint Martins,em Londres. Conta-se que Blow pagou 5 mil libras em prestações de 100 libras por semana.
Sofrendo de depressão,Blow tomou uma dose alta de um medicamento,o que a levou ao hospital. Ela morreu dois dias depois. Em seu funeral,um chapéu de Philip Treacy adornava seu caixão. Nos anos seguintes,o acervo de moda de Blow - todo comprado pela amiga Daphne Guinness para que fosse preservado - foi tema de exposições no Reino Unido,EUA e Austrália.